O objetivo do presente capítulo é o de apresentar a metodologia de construção do Índice de Bem-Estar Urbano (IBEU), elaborado a partir de dados do censo demográfico do IBGE. O IBEU foi concebido originalmente a partir da exploração de dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), pesquisa realizada anualmente pelo IBGE, à exceção dos anos em que ocorre o censo demográfico.
Na utilização dos dados da PNAD, o IBEU foi elaborado como um índice compreendido por três dimensões: mobilidade urbana, condições habitacionais e atendimento de serviços coletivos. A mobilidade urbana foi considerada a partir da proporção de pessoas que gastavam até 1 hora de deslocamento casa-trabalho. Nas condições habitacionais, foi considerada a proporção de pessoas que viviam em aglomerados subnormais e a densidade domiciliar entendida pela razão número de pessoas no domicílio e número de dormitórios.
Na dimensão de atendimento de serviços coletivos, foram considerados o atendimento adequado de água, o atendimento adequado de esgoto e a coleta adequada de lixo. Cada uma das dimensões contribuía com o mesmo peso para definição do IBEU, sendo que cada um dos indicadores que compunham cada uma das dimensões também seguia o mesmo procedimento. De modo que, os indicadores participavam com pesos diferentes no cômputo final do índice. Com a divulgação dos dados do censo demográfico de 2010, o Observatório das Metrópoles resolveu avaliar a metodologia de construção do IBEU, tendo em vista que no censo demográfico há mais variáveis que se relacionam diretamente com o bem-estar urbano que aquelas disponíveis na PNAD.
Além disso, a utilização do censo demográfico oferece a possibilidade de ampliação do número de regiões metropolitanas, uma vez que há restrição na PNAD de apenas nove regiões metropolitanas mais o Distrito Federal, como foi utilizado naquela ocasião. Outra vantagem também de utilização do censo demográfico que implicou na reelaboração da metodologia de construção do IBEU foi a possibilidade de construir esse índice para o espaço intraurbano.
Por esses motivos, apresentamos a nova metodologia de construção do IBEU, que se coloca como um instrumento importante para análise das condições de vida urbana das regiões metropolitanas do Brasil. Porém, antes, faremos a distinção entre o IBEU Global e o IBEU Local e na sequência procuraremos apresentar as características das bases de dados do censo demográfico, uma vez que o referido Instituto divulga os dados do censo demográfico em bases de dados diferentes. Posteriormente, discutiremos as dimensões e os indicadores utilizados na elaboração do IBEU, bem como os procedimentos técnicos e estatísticos de sua construção. Além disso, faremos ao final o teste de confiabilidade do IBEU Global, de modo a mensurar o grau de relacionamento existente entre as dimensões constituintes do Índice.
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